Catequeses para a Iniciação Cristã dos Adultos
Tamanho: 148X210mm
Capa cartonada
N.º de páginas: 672
ISBN 978-989-8293-81-7
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Este livro apresenta 96 catequese para a Iniciação Cristã dos Adultos articuladas em 3 anos de caminho com os tempos: do pré-catecumenado, do catecumenado, da purificação e da iluminação, da mistagogia e das celebrações litúrgicas dos respectivos tempos.
Colaboradores:
D. José Manuel Garcia Cordeiro
P. Eduardo Pereira da Silva
P. José António Morais Palos
P. José de Leão Cordeiro
P. Mário Tavares de Oliveira
A Iniciação Cristã dos Adultos é o modelo de toda a Iniciação Cristã, sendo uma acção dinâmica e progressiva em ordem ao amadurecimento na fé e da opção fundamental cristã. Na Iniciação Cristã percorre-se um tempo que vai do despertar da fé, através do primeiro anúncio e evangelização, até à celebração dos sacramentos do Baptismo, Confirmação e Eucaristia. Este processo formativo comporta num caminho exigente de conversão e de crescimento na fé.
https://youtu.be/IDXY2ps51A8
Apresentação do livro
Ninguém nasce cristão, torna-se cristão. O percurso iniciático de âmbito catequético-litúrgico e moral destina-se não apenas a fazer o cristão mas a própria Igreja. S. Leão Magno, no célebre sermão para a Ascensão do Senhor, disse: «Assim, o que na vida do nosso Redentor era visível passou para os ritos sacramentais; e, para que a fé fosse mais firme e autêntica, à visão sucedeu a doutrina, em cuja autoridade se devem apoiar os corações dos crentes, iluminados pela luz celeste». Este traço litúrgico-pastoral indica o trilho do catecumenado e da mistagogia.
A arte mistagógica é um desafiante caminho, pois ver uma coisa e acreditar noutra é a dinâmica sacramental da fé da Igreja. Por isso mesmo a oração, a catequese, a caridade, são os lugares da alegria do encontro com Jesus Cristo. A liturgia «é a catequese universal do Povo de Deus. (…), toda a liturgia é, em certo sentido, catequese» (Conferência Episcopal Portuguesa, Carta pastoral 1984).
Este livro apresenta 96 catequese para a Iniciação Cristã dos Adultos articuladas em 3 anos de caminho com os tempos: do pré-catecumenado, do catecumenado, da purificação e da iluminação, da mistagogia e das celebrações litúrgicas dos respectivos tempos.
A Iniciação Cristã dos Adultos é o modelo de toda a Iniciação Cristã, sendo uma acção dinâmica e progressiva em ordem ao amadurecimento na fé e da opção fundamental cristã. Na Iniciação Cristã percorre-se um tempo que vai do despertar da fé, através do primeiro anúncio e evangelização, até à celebração dos sacramentos do Baptismo, Confirmação e Eucaristia. Este processo formativo comporta num caminho exigente de conversão e de crescimento na fé.
Agradecemos profundamente ao P. José de Leão Cordeiro, organizador e colaborador principal destes textos, que constituem um decisivo contributo à Igreja presente em Portugal e nos Países de língua portuguesa para a formação do itinerário catecumenal para a vida em Cristo ou na formação permanente dos Adultos na fé. Estamos muito gratos aos outros colaboradores, especialmente: P. Eduardo Pereira da Silva, P. José António Morais Palos e P. Mário Tavares de Oliveira. Igualmente queremos manifestar a nossa enorme gratidão ao Delfim Machado, o bom cuidador das edições do SNL, à Paula Silva, à Ir. Maria José e muito reconhecidamente ao P. Pedro Lourenço Ferreira.
A prioridade é dada à evangelização. A Palavra inicia, acompanha e segue cada etapa da Iniciação Cristã. Alguém se torna cristão, porque adere à Palavra, feita Pessoa, que é proclamada, escutada, celebrada e vivida.
+ José Manuel Garcia Cordeiro
Bispo de Bragança-Miranda
Presidente da Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade
Diversas iniciações cristãs
Em cada tempo sua iniciação
Os primeiros simpatizantes de Jesus e candidatos a cristãos eram todos adultos. Os Evangelistas conservaram-nos os seus nomes: «Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão;Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o cobrador de impostos; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu;Simão, o Zelota, e Judas Iscariotes, que o traiu» (Mt 10,2-4).
A Iniciação Cristã deste primeiro grupo de discípulos foi feita por Jesus, a quem eles chamavam «Mestre», e que outros designavam como «o profeta de Nazaré, da Galileia» (Mt 21,11).
Seguiu-se a esta, uma segunda forma de fazer Iniciação Cristã. Conhecemos os seus contornos sobretudo pela vida e ministério de S. Paulo, o Apóstolo itinerante. Graças aos carismas recebidos e postos ao serviço de Cristo, Paulo soube descobrir, ou chamar, ou levar a uma total entrega ao projecto de Jesus, homens e mulheres cujos nomes figuram nas suas Cartas, e que muito o ajudaram no seu trabalho apostólico de fundador de comunidades. Recordamos, sem ser exaustivos, Lucas, Timóteo, Tito, Silvano, Marcos, Filémon, Onésimo, Febe, Priscila e Áquila, a irmã de Paulo e o seu filho, Epéneto, Maria, Andrónico e Júnia, Ampliato, Urbano, Estáquio, Apeles, Aristóbulo e familiares, Herodião, Narciso e os de sua casa, Trifena e Trifosa, Pérside, Rufo e sua mãe, Assincrito, Flegonte, Hermes, Pátrobas, Hermas e todos os irmãos que estão com eles, Filólogo e Júlia, Nereu e sua irmã, Olímpio e todos os santos que estão com ele, Lúcio, Tércio, Gaio, Erasto, Quarto, Sóstenes, Apolo, Estéfanes e os da sua família, Fortunato e Arcaico, Tíquico, Evódia e Síntique, Clemente, Epafrodito, Epafras, Aristarco, Ninfa e a Igreja que se reúne em casa dela, Crescente, Carpo, Onesíforo e família, Trófimo, Éubulo, Pudente, Lino e Cláudia, Ártemas, Zenas, o jurista, Ápia, Arquipo, Crispo e todos os de sua casa (cf. sobretudo Rm 16,1-24).
Mas foi a partir do séc. III que nasceu e se desenvolveu, na Igreja, o modelo de Iniciação Cristã que viria a tornar-se o catecumenado dos adultos. Conhecemos, graças a uma descrição de S. Hipólito de Roma, como os catequistas acolhiam, no grupo dos catecúmenos da comunidade cristã, «aqueles que eram trazidos, pela primeira vez, para ouvir a Palavra», e como, a seguir, «durante três anos», ajudados pelos «doutores»,os candidatos aprendiam a ser discípulos de Jesus, percorrendo um caminho feito de catequeses, orações e imposição das mãos, até chegar o dia de serem escolhidos para «receber o baptismo», após exame feito à vida de cada um, a fim de indagar se tinham vivido honestamente, enquanto catecúmenos, «honrando as viúvas, visitando os doentes e fazendo toda a espécie de boas obras».
Após esta escolha decisiva, a preparação litúrgica próxima tornava-se mais exigente:«A partir do momento em que forem separados, ser-lhes-ão impostas as mãos, todos os dias, para os exorcismos. Ao aproximar-se o dia em que vão ser baptizados, o Bispo fará o exorcismo a cada um deles».
O ponto de chegada do processo iniciado três anos antes era a Vigília pascal, «ao cantar do galo», e consistia na celebração dos três sacramentos da Iniciação Cristã: o Baptismo, a Confirmação e a primeira participação na Eucaristia (cf. Antologia Litúrgica, n. 789-797).
A partir de então, integrado na comunidade que o acolhera e agora beneficiava do seu entusiasmo, o novo membro tornava-se, pela escuta da Palavra e a Comunhão do Corpo e Sangue de Cristo, pela oração assídua e a participação activa na vida comunitária, pelo desejo intenso de Deus e a luta sem tréguas contra o espírito do mal, um verdadeiro discípulo de Jesus.
Pouco tempo durou este modelo de Iniciação Cristã. Relegado, durante muitos séculos, para o rol das coisas esquecidas, foi só nos nossos dias que o vimos reaparecer e ser proposto, como caminho a percorrer, na fé, pelos adultos que desejam tornar-se cristãos.
Ritual da Iniciação Cristã dos Adultos
Que Ritual é este? A primeira nota que queremos salientar, é que se trata de um Ritual com características diferentes de todos os outros, como pode constatar-se ao ler os Preliminares e ao percorrer os seus cinco capítulos.
A quem se destina? «Destina-se àqueles adultos que, depois de terem escutado o anúncio do mistério de Cristo, movidos pelo Espírito Santo que lhes abre o coração, consciente e livremente buscam o Deus vivo e tomam o caminho da fé e da conversão» (Preliminares do rica, 1). Trata-se, portanto, de um Ritual para adultos, designação que abrange não só os adultos propriamente ditos, mas também «as crianças que, não tendo sido baptizadas na infância e tendo atingido a idade da discrição e da catequese, se apresentam para receber a Iniciação Cristã, trazidas pelos pais ou pelos responsáveis da educação, ou vindo espontaneamente com a permissão daqueles» (rica 306).
Desde quando é utilizado na Igreja? Não é um Ritual novo. «Em uso na Igreja desde tempos antiquíssimos, adaptado em nossos dias ao trabalho missionário em muitas regiões, por toda a parte se pedia a sua restauração. Por isso o Concílio Vaticano II decretou que ele fosse restaurado e revisto, adaptando-o às tradições locais» (Preliminares do rica, 2).
Qual é a estrutura da iniciação dos adultos que ele apresenta? Começa o Ritual pela apresentação da Estrutura da Iniciação dos Adultos, dizendo que esta se faz «à maneira de uma caminhada progressiva, dentro da comunidade dos fiéis»(Preliminares do rica, 4). Numa caminhada, nem todos os caminhantes vão ao mesmo passo, pelo que se afirma, também, que «o Ritual da Iniciação Cristã se acomoda ao caminho espiritual dos adultos, caminho diferente consoante a multiforme graça de Deus e a livre cooperação de cada qual»(Preliminares do rica, 5).
Como quem caminha precisa de tempo para chegar onde quer, assim acontece na Iniciação Cristã: «Nesta caminhada, além de um tempo de procura e amadurecimento»(Preliminares do rica, 6),que se chama o «pré-catecumenado» (Preliminares do rica, 7 a), há um segundo tempo que dá pelo nome de catecumenado, e «começa com a entrada na ordem dos catecúmenos, pode durar vários anos, é consagrado à catequese e aos ritos a ela anexos e termina no dia da eleição» (Preliminares do rica, 7 b) de alguém para ser baptizado.
Na sequência do catecumenado surge um «terceiro tempo, mais breve, destinado à purificação e à iluminação» (Preliminares do rica, 7 c), isto é, à preparação próxima para o Baptismo e demais sacramentos da iniciação, celebrados os quais começa imediatamente o «tempo destinado à mistagogia»(Preliminares do rica, 7 d), ou seja, à catequese dos próprios dons recebidos.
Bastar-se-á este Ritual a si próprio ou precisará, para o complementar, de um livro de Catequeses? Em resposta aos Preliminares do Ritual da Iniciação Cristã dos Adultos e ao seu Capítulo I (Ritual do catecumenado em vários degraus), pretende-se, com o livro que tem entre mãos, oferecer aos utilizadores do referido Ritual um conjunto de Catequeses que abranjam todo o itinerário proposto aos adultos que desejam tornar-se cristãos.
Tais Catequeses destinam-se ao pré-catecumenado e ao catecumenado, e devem desenvolver-se, segundo o Ritual, de maneira «adaptada ao ano litúrgico e baseadas em celebrações da Palavra» e levar «os candidatos a uma conveniente instrução sobre os dogmas e preceitos, e a um conhecimento íntimo dos mistérios da salvação que desejam aplicar à sua vida»(Preliminares do rica, 19. 1).
Como o rica não faz referência à duração, traduzida em anos, desta caminhada catecumenal, embora diga que ela deve realizar-se num «tempo prolongado, durante o qual os candidatos recebem formação cristã» (Preliminares do rica, 19), acrescentando, também, que tudo «depende quer da graça de Deus, quer de várias circunstâncias», de modo que «nada se pode estabelecer previamente»(Preliminares do rica, 20), optámos por um período catequético de três anos que poderá, segundo os casos, ser reduzido para dois ou até menos, quando determinadas situações concretas o aconselharem, sobretudo quando, cada Bispo, «fixar a duração e regulamentar a disciplina do catecumenado» na sua diocese, ou a Conferência Episcopal «der normas mais concretas» sobre tal duração (Preliminares do rica, 20).