Tradição Apostólica
Autor: Hipólito de Roma
Tamanho:148X210mm
N.º de páginas: 80
ISBN 978-989-8877-70-3
1ª edição: junho de 2020
Colecção: Exsultet – 13
Título original: Traditio Apostolica
A atual publicação da Traditio Apostolica em língua portuguesa segue a tradução inserida na Antologia Litúrgica com um prefácio e uma introdução do grande especialista deste precioso documento e insigne liturgista, o Beneditino Botte.
Errata
pág. 36: a frase de ser: «Mas não devia ser cómodo a um bispo ter no seu presbitério personagens um tanto embaraçantes que viessem a usurpar os seus direitos.»
«A Igreja foi estabelecida pelos apóstolos e não pode subsistir senão pelo dom do Espírito que se transmite de geração em geração». (D. Beneditino Bernard Botte, osb)
Apresentação
A Hipólito de Roma tem sido atribuído o texto da Traditio Apostolica[1], datado cerca do ano 215, de que dispomos as versões latina, árabe e etiópica e adaptações em siríaco e em grego. Hipólito era um presbítero de Roma, de quem se sabe a data da morte em 235, escreveu ainda em grego[2], cujo texto original se terá perdido, contudo, seguindo a versão latina, podemos encontrar o seu conteúdo real.
Este documento, embora, misturando a celebração litúrgica com as normas disciplinares, é muito importante para a Liturgia e com grande influência tanto a Oriente como a Ocidente. Até há pouco tempo, era tido como o documento modelo, não só o mais antigo, mas o mais original da Liturgia romana. Alguns estudos recentes colocaram em dúvida estas afirmações, bem como a presumida atribuição a Hipólito de Roma e, situaram o referido documento na dimensão do complexo conjunto das coleções litúrgico-canónicas[3] de origem oriental e, posteriormente, acolhido no Ocidente.
A estrutura da Traditio Apostolica articula-se em 43 capítulos, incluindo um prólogo e uma conclusão, testemunhando o essencial da tradição e dando a conhecer a mesma tradição que até então subsistia, como se afirma no prólogo: «Agora, impelidos pelo amor para com todos os santos, chegámos ao essencial da tradição que convém às Igrejas, a fim de que bem instruídos, conservem a tradição que veio até hoje e, conhecendo-a pela nossa exposição, dela tomem consciência e permaneçam firmes, por causa da queda ou do erro que ocorreu recentemente, motivado pela ignorância e pelos ignorantes» (pág. 47).
O presente documento, de difícil classificação no âmbito dos géneros literários, «por um lado, tem um aspeto canónico pelo facto de dar regras precisas e muito concretas para a vida de uma comunidade cristã. Por outro lado, contém uma série de orações litúrgicas que exprimem a fé da Igreja, onde aparece um carácter teológico»[4].
A atual publicação da Traditio Apostolica em língua portuguesa segue a tradução inserida na Antologia Litúrgica[5] com um prefácio e uma introdução do grande especialista deste precioso documento e insigne liturgista, o Beneditino Bernard Botte (1893-1980) da Abadia de Mont César, Bélgica, integradas na segunda edição publicada em 1968 pela famosa coleção Sources Chrétiennes, funda pelos Jesuítas Henri de Lubac (1896-1991) e Jean Daniélou (1905-1974).
Os textos eucológicos da Traditio Apostolica são de enorme importância histórica, canónica, literária e litúrgica, porquanto se apresentam como modelos e não ainda como fórmulas fixas, pois não é chegado o tempo da organização das primeiras liturgias.
A publicação autónoma deste inestimável documento pelo Secretariado Nacional de Liturgia deseja facilitar o estudo das fontes litúrgicas em ordem a uma maior compreensão do espírito da Liturgia para uma melhor celebração do Mistério, hoje.
+ José Manuel Garcia Cordeiro
Bispo de Bragança-Miranda
Presidente da Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade
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[1] B. Botte (ed.), La tradition apostolique de saint Hippolyte. Essai de reconstitution (Liturgiewissenschaftliche Quellen und Forschungen 39), Aschendorffsche Verlagsbuchhandlung, Münster Westfalen 51989 ; IDEM (ed.), Hippolyte de Rome, La Tradition Apostolique, d’après les anciennes versions, (Sources Chrétiennes 11bis) Paris 21968.
[2] Cf. Sallmann, K. (ed.), L’âge de transition. De la littérature romaine a la littérature chrétienne de 117 a 284 après J.-C. (Nouvelle histoire de la littérature latine 4), Brepols, Turnhout 2000, 387.
[3] Cf. M. Metzger, «Nouvelles perspectives pour la prétendue Tradition Apostolique», Ecclesia Orans 5 (1988) 241-259; ID., «Enquêtes autour de la prétendue “Tradition Apostolique”», Ecclesia Orans 9 (1992) 7-36; Cf. A. Catella, «L’evoluzione dei modelli rituali della liturgia di ordinazione», in Le liturgie di ordinazione [Atti della XXIV Settimana di Studio dell’Associazione Professori di Liturgia, Loreto (AN), 27 agosto – 1 settembre 1995] (BELS 86), Edizioni Liturgiche, Roma 1996, 27; Cf. Botte, «Peuple chrétien et hiérarchie dans la “Tradition apostolique” de Saint Hippolyte, in L’assemblée liturgique et les différents rôles dans l’assemblée [Conférences Saint-Serge XXIIe semaine d’études liturgiques, Paris, 28 Juin – 1er Juillet 1976] (BELS 9), Edizioni Liturgiche, Roma 1977, 79 ; Cf. P.F. Bradshaw-M.E. Johnson-L.E. Phillips, The Apostolic Tradition. A commentary (Hermeneia) Fortess Press, Minneapolis 2002.
[4] B. Botte, «L’Esprit-Saint et l’Eglise dans la “Tradition apostolique” de Saint Hippolyte», Didaskalia 2 (1972) 221.
[5] Secretariado Nacional de Liturgia, Antologia litúrgica. Textos litúrgicos, patrísticos e canónicos do primeiro milénio, Fátima 22015, 244-257.