Liturgia, a vitalidade da Igreja
Documentos da reforma litúrgica:
Sacrosanctum Concilium, Vicesimus quintus annus, Spiritus et Sponsa, O Mistério eucarístico sem confusão nem reducionismos, A liturgia renova a Igreja, e Uma reforma irreversível (Discurso do Papa Francisco aos participantes na 68ª Semana Litúrgica Nacional italiana)
Tamanho: 148X210 mm
N.º de páginas: 128
ISBN 978-989-8877-28-4
1ª edição: Outubro de 2018
Apresentação
«Verdadeiramente, na Constituição sobre a Sagrada Liturgia, primícias daquela “grande graça de que a Igreja beneficiou no século XX” – o Concílio Vaticano II – o Espírito Santo falou à Igreja, não cessando de orientar os discípulos do Senhor “para a verdade integral” (Jo 16,13)» (S. João Paulo II, Spiritus et Sponsa 1).
A Sagrada Liturgia é a manifestação do Mistério da salvação, plenamente realizado no mistério pascal de Cristo. A Sacrosanctum Concilium (SC) apresentoua Liturgia em chave de história da salvação, ou seja, a Liturgia é a actualização desta história e a sua celebração permanente.
O ponto culminante aparece na plenitude dos tempos, na qual o Hodie litúrgico actualiza o passado e antecipa o futuro. Procura-se passar da anamnese à epiclese. É próprio da Liturgia realizar o mistério da salvação na celebração concreta em palavras e acções. Duas linhas convergentes caracterizam a Liturgia, uma ascendente e outra descendente: a glorificação de Deus e a santificação do homem.
As fontes da Sacrosactum Concilium são a Bíblia, a Patrística, a Liturgia e o Magistério. O tecido de fundo da parte doutrinal da Sacrosanctum Concilium é eminentemente bíblico, recorrendo à citação de 48 textos da Sagrada Escritura.
Os nove textos patrísticos que aparecem no documento conciliar provam que não se podem estudar os Padres da Igrejasem a Liturgia. O húmus litúrgico da Igreja próprio dos Padres é a Liturgia, ou melhor, a própria celebração litúrgica. Ao mesmo tempo, não se pode estudar a Liturgia sem o conhecimento das palavras e dos escritos dos Padres da Igreja. Há uma continuidade constante e uma progressiva vitalização da realidade litúrgica.
Outros nove textos pertencem às fontes litúrgicas: seis textos são do antigo Missal, um do antigo Breviário, um do antigo Ritual e um do Sacramentário Veronense. Trata-se de textos densos e belos, usados para reafirmar a importância da Liturgia da Igreja a partir da Tradição autêntica. Estas citações litúrgicas aparecem no texto conciliar como vozes de autoridade a par das citações bíblicas, patrísticas e do magistério, constituindo uma verdadeira síntese doutrinal. O valor demonstrativo dos textos litúrgicos prova que a Liturgia tem a capacidade de se autodefinir. O contacto directo com as fontes, quais lugares comprovativos, é de enorme alcance teológico e litúrgico.
A Constituição sobre a Sagrada Liturgia cita ainda cinco textos conciliares, todos do Concílio de Trento (1545-1563).
Desta Constituição conciliar podemos enumerar alguns fundamentos teológicos e litúrgicos, chamados tambémos altiora principia: 1) o exercício do sacerdócio de Cristo; 2) a Liturgia como cume e fonte da vida cristã; 3) a participação plena, consciente e activa; 4) a epifania da Igreja; 5) a unidade substancial e a adaptação litúrgica às culturas; 6) a sã tradição e um progresso legítimo; 7) a língua; 8) a presença da Palavra de Deus; 9) a educação litúrgica; 10) o canto e a arte sacra.
A este propósito, a colectânea que agora publicamos reúne também os documentos pontifícios de comemoração, ou seja, nos 25 anos da promulgação, em 1988 (S. João Paulo II, Vicesimus Quintus Annus) e nos 40 anos, em 2003 (S. João Paulo II, Spiritus et Sponsa).
Apresentamos igualmente a comunicação que o Papa Bento XVI proferiu por ocasião do 50.º aniversário da fundação do Pontifício Instituto Litúrgico no dia 6 de Maio de 2011, quando recebeu em audiência os participantes do IX Congresso Internacional de Liturgia, augurando «que esta Faculdade de Sagrada Liturgia continue com renovado impulso o seu serviço à Igreja, em plena fidelidade à rica e preciosa tradição litúrgica e à reforma desejada pelo Concílio Vaticano II, em conformidade com as linhas mestras da Sacrosanctum Concilium e dos pronunciamentos do Magistério. A Liturgia cristã é a Liturgia da promessa realizada em Cristo, mas é também a Liturgia da esperança, da peregrinação rumo à transformação do mundo, que terá lugar quando Deus for tudo em todos (cf. 1Cor 15, 28)». Além desta alocução, inserimos também o discurso proferido no dia 13 de Março de 2009 na Reunião Plenária da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
Na continuidade dos 50 anos da Sacrosanctum Concilium memoramos o discurso proferido pelo Papa Francisco no dia 24 de Agosto de 2017 aos participantes na 68.ª Semana Litúrgica Nacional italiana, sublinhando: «O II Concílio do Vaticano fez depois amadurecer, como bom fruto da árvore da Igreja, a Constituição sobre a Sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium, cujas linhas de reforma geral correspondiam a necessidades reais e à concreta esperança de uma renovação: desejava-se uma liturgia viva para uma Igreja totalmente vivificada pelos mistérios celebrados». Acrescentou ainda com coragem e confiança: «Depois deste Magistério, após este longo caminho, podemos afirmar com segurança e com autoridade magisterial que a reforma litúrgica é irreversível», para que a Liturgia seja sempre «fonte e cume da vitalidade da Igreja» (cf. SC 10).
+ José Manuel Garcia Cordeiro
Bispo de Bragança-Miranda
Presidente da Comissão Episcopal de Liturgia e Espiritualidade
Índice
Apresentação
Siglas e abreviaturas
Sacrosanctum Concilium
Introdução
CAPÍTULO I
Princípios gerais em ordem à reforma e incremento da Liturgia
- Natureza da sagrada liturgia
e sua importância na vida da igreja
- Educação litúrgica e participação activa
- Reforma da sagrada liturgia
a. Normas gerais
b. Normas que derivam da natureza hierárquica
e comunitária da Liturgia
c. Normas que derivam da natureza didáctica
e pastoral da Liturgia
d. Normas para a adaptação da Liturgia
à índole e tradições dos diversos povos
- Promoção da vida litúrgica na diocese e na paróquia
- Desenvolvimento da acção pastoral litúrgica
CAPÍTULO II
O sagrado mistério da Eucaristia
CAPÍTULO III
Os outros sacramentos e os sacramentais
CAPÍTULO IV
O Ofício divino
CAPÍTULO V
O ano litúrgico
CAPÍTULO VI
A música sacra
CAPÍTULO VII
A arte sacra e as alfaias litúrgicas
Apêndice
Declaração sobre a reforma do calendário
Vicesimus quintus annus
Introdução
- A RENOVAÇÃO NA LINHA DA TRADIÇÃO
- OS PRINCÍPIOS DIRECTIVOS DA CONSTITUIÇÃO
a) A actualização do Mistério Pascal
b) A leitura da Palavra de Deus
c) A manifestação da Igreja a si própria
- ORIENTAÇÕES QUE HÃO‑DE GUIAR
A RENOVAÇÃO DA VIDA LITÚRGICA
- APLICAÇÃO CONCRETA DA REFORMA
a) Dificuldades
b) Resultados felizes
c) Aplicações erradas
- O FUTURO DA RENOVAÇÃO
a) Formação bíblica e litúrgica
b) Adaptação
c) Atenção aos problemas novos
d) Liturgia e Piedade Popular
- ORGANISMOS RESPONSÁVEIS
PELA RENOVAÇÃO LITÚRGICA
a) A Congregação do Culto Divino
e da Disciplina dos Sacramentos
b) As Conferências Episcopais
c) O Bispo Diocesano
Conclusão
Spiritus et Sponsa
Introdução
Uma consideração sobre a Constituição conciliar
Da renovação ao aprofundamento
Perspectivas
Conclusão
O Mistério eucarístico sem confusão nem reducionismos
Discurso do Papa Bento XVI à Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos
A liturgia renova a Igreja
Discurso do Papa Bento XVI à comunidade do Pontifício Instituto Litúrgico do Ateneu de Santo Anselmo no 50º aniversário de fundação
Uma reforma irreversível
Discurso do Papa Francisco aos participantes na 68ª Semana Litúrgica Nacional italiana