Sementes de evangelho – Ano B
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Sementes de evangelho – Ano B

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Leitura orante do Evangelho – Ano B

Formato: 148X210 mm

208 páginas

ISBN 978-989-8293-54-1

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Apresentação 

Graças à presente publicação estão reunidos os textos que, durante o Ano B, foram publicados no semanário da Diocese de Bragança-Miranda, Mensageiro de Bragança, sob o título “Sementes de Vida”, e difundidos pelas vias da internet como “Página de União”. Esta iniciativa vem em linha de continuidade com a publicação Sementes de Evangelho, Ano A. 

A centralidade da Palavra na vida e na missão da Igreja é indiscutível, e o primado cabe à coragem da escuta da Palavra. A audição da Palavra de Deus constrói a Igreja e encontra em Cristo a sua plenitude. 

Mas esta escuta é tanto mais fecunda quanto é feita no contexto da comunidade que se reúne no Nome de Jesus, pois aqui Ele assegura a sua presença. Tal ambiente abre-nos às dimensões do Cenáculo, espaço percorrido pelo fogo santificador e esclarecedor daquele mesmo Espírito que nos “ensinará toda a verdade” (Jo 14, 26), Aquele mesmo que faz sair a Igreja do limite das suas próprias fronteiras. Não há pastoral sem a espiritualidade que nasce da Bíblia e da Liturgia. 

A Igreja é a casa da Palavra, porque é comunidade chamada pela voz do seu Senhor. De facto, a Igreja escuta, proclama e vive a Palavra, sendo a liturgia o lugar privilegiado para essa comunicação: «Considerando a Igreja como ‘casa da Palavra’, deve-se, antes de tudo, prestar atenção à Liturgia sagrada, que constitui, efectivamente, o âmbito privilegiado onde Deus nos fala no momento presente da nossa vida: fala hoje ao seu povo, que escuta e responde» (Verbum Domini 52). 

O Leccionário, e em particular o Evangeliário, assume-se como uma das mesas da Celebração da Eucaristia, alvo de particular veneração, no qual a Igreja sempre viu a presença viva do Senhor que nos fala como a amigos e convive connosco para nos convidar à comunhão com Ele. 

O Leccionário permite fazer o percurso do Ano Litúrgico, «para alimentar devidamente a piedade dos fiéis com a celebração dos mistérios da redenção cristã, sobretudo do mistério pascal» (SC 107). E cada domingo representa o ritmar semanal deste fluxo onde palpita a presença e a voz de Deus, coração da espiritualidade cristã. 

Ouvir, é sempre o primeiro passo para dialogar. O homem escuta Deus, mas quando fala tem também a certeza de que Deus o ouve, como aconteceu com Abraão (Gn19,17ss). Temos, contudo, a necessidade de alguém que nos ajude a compreender que é Deus quem fala, tal como aconteceu a Samuel (1Sm 3,7-10). 

Pretende-se assim que esta publicação possa ser um apoio para todos os cristãos que, na caminhada semanal, desenvolvida entre pressas e dispersões, entre fadigas e contrariedades, lutas e esperanças, se predispõem a preparar uma participação mais fecunda e frutuosa nas celebrações do Domingo, encontrando um nutritivo alimento da sua vida espiritual no miolo da Liturgia da Palavra que é o Evangelho. 

Com o Evangelho segundo S. Marcos, o luzeiro deste Ano B, podemos também nós responder no coração à pergunta «quem é Jesus?» e narrar a alegria do encontro. 


José Manuel Garcia Cordeiro 
Bispo de Bragança-Miranda
 




Introdução 

Caros amigos e caras amigas, a aventura da sementeira continua! O divino Semeador não cessa de apostar nos nossos corações, campos de textura diversa, onde não faltam pedras, aves vorazes, até espinhos manhosos e, sem dúvida, muita terra arável. 

Depois da publicação “Sementes de Evangelho – Ano A”, voltamos a arriscar um novo percurso, desta vez na companhia de Marcos, o Evangelista do essencial. Continuamos a recolher os artigos publicados no “Mensageiro de Bragança”, que semanalmente voam e se multiplicam pelos meandros da internet, como um verdadeiro milagre da multiplicação do Evangelho. É o milagre da comunhão, que se desenrola numa cumplicidade entre buscadores, tanto quanto quem escreve, como quem expressa e lê… quem se alimenta e vive. 

O Evangelho de Marcos é de uma descrição elementar, que nos descentra do supérfluo e nos encaminha a busca, entre o deserto e a expectativa, sempre com uma interrogativa acerca da identidade de Jesus. 

Todavia, não é uma definição o que vos propomos, antes um encontro. Desejamos que este compêndio de reflexões sobre os Evangelhos dos Domingos do Ano B, possa ir de encontro ao convite do Papa Francisco: “Convido todo o cristão (…) a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de O procurar dia a dia sem cessar” (EG 3). Que esta leitura possa, como aos discípulos, provocar-nos uma curiosidade, embotada à beira de tantas praias sem peixes, que apenas entretêm o nosso tédio, e convidar-nos a outros sonhos, a outras navegações. Que possamos deixar cruzar o olhar com o deste homem que conhece a composição das nossas lágrimas, porque elas também correm no seu rosto, que sorri e acaricia, também percorrido pela ira do chicote e pela espontaneidade que acarinha uma criança ao colo, que questiona rituais vazios e desvenda segredos tão simples; um Jesus cansado e esgotado, onde nos podemos rever, de olhos enevoados com a poeira do caminho e perturbado pela dor dos encontros, que se deixa tocar, que sente apertar-se-lhe o coração e facilmente se comove e se compadece. Um homem que se arrisca a ser tomado como glutão, ébrio e demasiado tolerante, escandalosamente acolhedor, mas cuja filiação divina até os demónios temem e as vozes impuras dos pagãos conseguem vislumbrar. 

Que ousemos peregrinar por esta história, assumindo-a como nossa. Sentindo-nos confiantes para apresentar-lhe as nossas lepras, cegueiras e febres, aquela crosta de egoísmo que ainda prospera na gangrena da solidão, feridas abertas, transportadas em enxergas, para depois levarmos, nós mesmos, para casa (qualquer casa!) as enxergas cheias de vida, a fim de a derramar em outras feridas que desconhecem a fonte da alegria. 

Com Marcos, surpreendamos tantos encontros de Jesus, os inopinados e os marcados com os amigos, cujo carinho é também bálsamo para cansaços e desilusões. Que nos fique na vontade sermos nós os destinatários deste encontro, até nos atrevermos a penetrar no segredo da sua intimidade, quando Ele se retira para o silêncio, a fim de se refazer sob o olhar amoroso do Pai. 

Marcos radiografa o coração de Deus, no coração humano de Jesus, que vem com uma autoridade nova, questionada até à exaustão. A Palavra de Deus educa-nos! É significativo que o Evangelho de Marcos se desenrole a partir da aridez do deserto, e depois fique aberto à borda de um sepulcro vazio, a olhar uma rota ascendente até à consumação dos céus… Nele há sempre um espaço, uma pista que nos encaminha para a essência da vida, como a página em branco que incentiva a nossa escrita. Marcos revela-nos que, perante Jesus, há uma resposta a dar, que Ele alvoroça todo o ambiente, que inexoravelmente nos interroga e provoca uma atitude comprometedora: de que lado estamos? 

Domingo, após Domingo, num ritmar semanal, possa este percurso provocar em nós o fascínio do discípulo, e o perfume de uma vida deslumbrada pelo Esposo. 

Aquele que nos permite este mergulho na Palavra, certamente que também desafia cada um de nós a tornar-se uma semente de Evangelho. 

Mons. José Fernando Caldas Esteves 
Ir. Maria da Conceição Afonso Borges 
Ir. Maria José Diegues de Oliveira
 

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