O Valor Teológico da Liturgia
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O Valor Teológico da Liturgia

8,00 €
Com IVA

Autor: Manuel Pinto

Tamanho:148X210mm
N.º de páginas: 384
ISBN 978-989-8877-35-2
2ª edição: Março de 2019

Colecção: Exsultet – 7

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Apresentação

A intenção de Manuel Pinto ao apresentar a sua dissertação de doutoramento em Teologia – “o valor teológico da Liturgia” –, na Faculdade Teológica de Granada, não foi apresentar um verdadeiro tratado, mas apenas tentar o primeiro esboço de um trabalho sobre a Liturgia como fonte teológica, ou seja, «fazer um ensaio de um tratado geral do valor teológico da liturgia» e «tentar indicar ao teólogo e determinar-lhe as condições em que ele pode avaliar o testemunho da liturgia. O campo é muito vasto. Vamos somente desbravar o terreno».

Após algumas páginas de introdução, o autor articula o trabalho em duas partes: na primeira parte estuda as noções de Liturgia e do processo teológico à luz do Magistério e do pensar teológico; na segunda parte determina o valor teológico da Liturgia num estudo sistemático de investigação e verificação das fontes bíblicas, patrísticas e teológicas. O texto termina com uma série de conclusões.

Podemos dizer que os seis anos de vida que se seguiram à publicação da tese não permitiram ao autor desenvolver o seu pensamento, como alguém, felicitando-o, lhe pedia numa recensão ao livro: «se o assunto ora versado não é novo, se não são novos tão-pouco os princípios de hermenêutica de que o autor lançou mão, é novidade, certamente, a forma, diríamos até, a base científica em que no-los apresenta. Bem-haja, pois! Só nos resta pedir-lhe que, tendo-nos dado este “esboço”, não se fique por aqui. Esperamos nos venha a mimosear com um tratado completo» (G. Oliveira). Uma outra recensão numa revista internacional dizia mesmo que «cet important travail ne peut être ignoré ni des liturgistes ni des théologiens» – este importante trabalho não pode ser ignorado por liturgistas nem por teólogos – (L. Renwart).

No entanto, cinco anos depois da publicação de Manuel Pinto, o beneditino Cipriano Vagaggini, que também lhe sucede na cátedra de Liturgia na Pontifícia Universidade Gregoriana apresenta a obra il senso teológico della liturgia. Nesta obra emblemática para a ciência litúrgica cita por três vezes M. Pinto. Todavia, Vagaggini critica-o, afirmando: «todo o trabalho do padre Manuel Pinto se limita à questão do valor da liturgia para provar pelas fontes da revelação um determinado ponto da doutrina da Igreja a quem realmente ou metodologicamente o nega ou o coloca em dúvida, é claro que de toda a obra não se pode ter uma ideia adequada do valor teológico da liturgia. Aos aspectos mais importantes e mais ricos de valor teológico da liturgia não se faz nem mesmo alusão».

Ao criticar M. Pinto, critica ainda B. Capelle e K. Federer, por usarem um método que limita a investigação o valor teológico da liturgia, «somente à questão do “argumento litúrgico dos padres”, ou seja, somente à questão de como e em que sentido os Padres recorreram à liturgia para provar contra quem nega ou coloca em dúvida, pelo menos do ponto de vista metodológico, o fundamento de um determinado ponto de doutrina ensinado pela Igreja. Esses recentes autores não dizem palavra sobre todas as outras perspectivas teológico-litúrgicas que se encontram na literatura patrística. Como se o valor apologético fosse o único aspecto a fazer os Padres se interessarem pela liturgia. Claro que semelhante abordagem da pesquisa é toda insuficiente para nos fazer entender qual tenha sido para os Padres o valor teológico da liturgia». Na verdade, estes autores, segundo Vagaggini, reduzem o valor teológico da liturgia à explicação do princípio lex orandi/lex credendi, ou melhor, legem credendi lex statuat supplicandi.

De facto, na continuidade do grande protagonista do Movimento Litúrgico em Portugal, o Pe. António Coelho, OSB, que escreveu o Curso de Liturgia Romana entre 1926-­‑1930, situamos Manuel Pinto como um enorme contributo à Ciência litúrgica.

M. Pinto segue Melchior Cano (séc. XVII), que com o seu tratado De locis theologicis caracterizará um método de fazer teologia, no qual a liturgia é considerada como um locus theologicus.

Na verdade, «a liturgia exige uma compreensão a nível teológico, porque é essencialmente portadora de todo o dado da fé; é chamada a uma relação com a teologia, não só no significado tradicional de locus theologicus, mas no sentido que é um modo de ser da revelação e como tal deve deixar-se iluminar pela própria revelação; é lícito falar da teologia litúrgica porque a prática litúrgica extrai ela mesma os dados da revelação, que a ilumina, seguindo as categorias litúrgicas» (S. Marsili).

É justa e necessária esta publicação e a sua inserção na colecção Exultet que o Secretariado Nacional da Liturgia propõe para uma cultura da Liturgia em língua portuguesa.

+ José Manuel Garcia Cordeiro
Bispo de Bragança-Miranda
Presidente da Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade

Prólogo

Tem a Liturgia atraído a afeição de muitos com a sua beleza. Mas a beleza vem a ser, segundo o pensamento de S. Agostinho (cf. v. g. De vera religione, c. 32, n. 59 – ML 34, 148), o esplendor objectivo da realidade. Assim como, por exemplo, no dizer da Escritura (Hab. 3, 6), raios esplêndidos de luz velam a omnipotência de Deus, assim os esplendores da Liturgia revelam que se podem encontrar nela realidades fascinadoras.

Uma afeição reflexiva e longa pela sagrada Liturgia levará, por certo, ao desejo de penetrar na sua essência e de chegar até àqueles princípios com os quais se saibam desvendar da sua luz as verdades que na Liturgia se contêm. Está aí, porventura, uma origem remota e íntima desta dissertação.

Veio a acontecer que se nos impôs elaborar uma tese para a láurea em Teologia. Quando, pois, para a escolha do assunto, fomos a aconselhar-nos com o Rev. P. José António de Aldama, foi talvez por um instinto divinatório, que o ilustre Professor, actualmente da Universidade Pontifícia de Salamanca, nos sugeriu o mesmo tema que já nos ocorrera – a investigação do valor teológico da Liturgia. E na Faculdade Teológica de Granada, começámos a trabalhar.

Mas um dia vamos pedir uma orientação ao Rev. P. Miguel Nicolau e informa-nos de que já traz entre mãos precisamente um trabalho igual. Conhecíamos bem a competência metodológica, teológica e litúrgica deste nosso insigne Professor; no entanto, o que nos devia fazer logo desistir do assunto e tomar outro rumo, foi afinal o que definitivamente nos decidiu no mesmo caminho. É que, por generosa deferência, renunciou o P. Nicolau em nosso favor ao seu estudo já começado e, sob a humildade do nosso nome, desejou ocultar algum fruto do seu trabalho. No decurso da nossa investigação, tivemos muitas ocasiões de avaliar aquele nobilitante gesto, porque, para mais unidade, clareza e concisão, também nós houvemos de renunciar a muitos pormenores que sobre este problema tínhamos apontado.

Viemos a concluir em Roma a nossa investigação. Aqui, utilizámos principalmente a Biblioteca da Universidade Gregoriana e, em Roma também, a orientação superior do P. Nicolau.

Apresentámos, por fim, a dissertação na Faculdade Teológica de Granada, aonde fomos defendê-la, em acto académico de 8 de Julho do ano passado, 1951.

Parece-nos que conseguimos, pelo menos, compreender cedo as dificuldades do assunto. Desde o princípio vimos que o problema era complexo. Eis uma das razões por que sistematicamente mantivemos o empenho em sermos ordenado e claro. Poderia, um processo assim, fazer-nos correr o risco de parecermos menos profundo; mas ele tem, na verdade, até a vantagem de deixar a descoberto as próprias deficiências na investigação.

Se não conhecêssemos aquela intuição com que o P. Aldama penetra os problemas e as pessoas, não teríamos começado o trabalho com alguma confiança em nós mesmo e no assunto.

Sem o exemplo do rigor científico e da tenacidade no trabalho, temperada por forte poder de renúncia, que no P. Nicolau tínhamos observado, não poderíamos ter deixado na nossa dissertação, também um certo esforço de aplicação dessas virtudes.

Aproveitando esta oportunidade, comemoramos intimamente a dedicação dos nossos antigos professores e a solidariedade dos nossos colegas de estudo.

É-nos ainda particularmente grato mencionar aqui a atitude simpática do eminente professor da Universidade Gregoriana, Rev. P. José Filograssi, que sob o edificante disfarce de quem se interessava pelo problema e desejava que lhe comunicássemos o nosso método e conclusões, nos auxiliou também e nos confirmou com a autoridade do seu muito saber e do seu apurado critério teológico.

Finalmente, não nos é possível dissociar esta dissertação, do nome do Rev. P. António Soares Pinheiro, cujo apoio, estímulo e ajuda efectiva, não apenas da sua inteligência, mostraram até onde pode chegar uma dedicação entre colegas.

Aos nossos antigos professores e colegas de estudo, nomeadamente ao Rev. P. Nicolau, que não só foi para nós o «pedagogo» (cf. Gl 3, 24-25) que nos introduziu no estudo da sagrada Teologia, mas também consentiu em trazer-nos até ao fim dessa carreira, o nosso reconhecimento e a nossa estima.

Manuel Pinto, SJ

Biografia do autor

Manuel Joaquim Pinto nasceu a 19 de Fevereiro de 1916 em Castro Vicente, Mogadouro, Diocese de Bragança-Miranda. Estudou na Escola Apostólica os primeiros anos e entrou no Noviciado em Alpendorada, Marco de Canaveses a 25 de Junho de 1934; cursou Ciências e Filosofia em Braga (1936-1940); completou o Magistério no INA – Instituto Nun’Alvres – (1940-1942); fez Teologia em Granada (1942-1946), preparou-se para o doutoramento em Teologia (1946-1948); foi professor na Escola Apostólica, Macieira de Cambra (1948-1950); foi professor na Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma (1950-1958), realizou a defesa da tese doutoral em Granada a 5 de Julho de 1951, sob a orientação de Miguel Nicolau, e publicou-a no ano seguinte. Foi ordenado presbítero a 15 de Julho de 1951 em Granada. Faleceu em Lisboa a 20 de Setembro de 1958 vitimado por um cancro generalizado, que se desconhecia e que o levou em pouco tempo com uma morte e resignação extraordinárias.

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