O Espírito da Liturgia
Autor: Romano Guardini
Tamanho: 148X210mm
N.º de páginas: 112
ISBN 978-989-8293-97-8
2ª edição: 2017
Colecção: Exsultet – 2
Em feliz hora, o Secretariado Nacional da Liturgia, entendeu por bem iniciar uma colecção de textos, denominada Exultet, evocando o Precónio que se canta na Vigília Pascal, a noite mais cintilante que o dia. A colecção Exultet aparece como um contributo à espiritualidade litúrgica e a uma cada vez maior sensibilidade ao espírito da Liturgia.
A promoção de uma educação litúrgica dos cristãos é um vigoroso convite da Sacrosanctum Concilium. Educar para a Liturgia significa consentir a entrada no mistério cristão. A Liturgia não é tanto uma doutrina a compreender, mas uma fonte de luz e de vida para a inteligência e a experiência do mistério. Ela «é a primeira e necessária fonte onde os fiéis podem beber o espírito genuinamente cristão; por isso os pastores de almas empenhar-se-ão diligentemente em fomentá-la em toda a sua actividade pastoral, com uma pedagogia adequada». A tão necessária educação litúrgica apresenta uma visão teológica da Liturgia, centrada no mistério pascal de Cristo e a sua acção salvífica na Igreja.
Romano Guardini (1885-1968) ajudou a renovar o conceito de Liturgia, sendo um nome emblemático do Movimento Litúrgico, isto é, daquele fenómeno eclesial e histórico-cultural em ordem a tornar eficaz a acção da Igreja no mundo e a mover cada cristão a uma participação no mistério de salvação realizado plenamente em Cristo.
Ao reeditar o texto clássico da teologia litúrgica de Guardini, O espírito da Liturgia, publicado na Páscoa de 1918, e traduzido em língua portuguesa em 1948 pelo professor da Faculdade de Letras de Lisboa, António Pinto de Carvalho, desejamos dar-lhe reavivada importância de actualidade.
Conforme este autor tão poliédrico (filósofo, teólogo, psicólogo, crítico literário e artístico, pedagogo e professor universitário), a Liturgia fascina pela sua dimensão cultural: «Na liturgia não menos rico que o seu conteúdo de Natureza é o conteúdo de Cultura. (...) De tudo isto se deduz uma doutrina muito importante para a vida espiritual. A religião precisa do suporte da Cultura» (p. 29).
A leitura deste livro, cuja tradução foi retocada quando pareceu oportuno, assegura-nos que a tese essencial de Romano Guardini é esta: a Liturgia é uma forma de vida capaz de dar forma à vida cristã. Por isso, «a expressão mais perfeita de uma vida espiritual assim objectivada é oferecida pela liturgia da Igreja católica» (p. 13). O dom total da Graça celebra-se na acção litúrgica.
A espiritualidade litúrgica pode esboçar-se neste belo ensaio de Guardini: «Viver liturgicamente, é – levado pela Graça e conduzido pela Igreja – tornar-se uma obra de arte viva diante de Deus. É cumprir a palavra do Mestre e “fazer-se criança”» (p. 78). «Não é trabalho, é jogo. Brincar diante de Deus. Não criar, mas ser cada qual uma obra de arte, eis a essência íntima da liturgia» (p. 76).
+ José Manuel Garcia Cordeiro
Bispo de Bragança-Miranda
Presidente da Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade