O sentido espiritual da liturgia
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O sentido espiritual da liturgia

10,00 €
Com IVA

Autor: Goffredo Boselli

Tamanho:148X210mm
N.º de páginas: 280
ISBN 978-989-8877-56-7
1ª edição: Dezembro de 2019

Colecção: Exsultet – 11

Título original: Il senso spirituale della liturgia

A liturgia é a primeira e fundamental escola do mistério da Igreja e da sua humanidade. Isto significa transmitir a fé: não ideais ou noções, mas a sabedoria das coisas humanas inspirada por Deus.

Quantidade

«A divina liturgia é a liturgia em que Deus está em acção, actua. A ciência litúrgica católica é hoje chamada a apurar o seu vocabulário, a fim de reafirmar a natureza eminentemente teológica da liturgia cristã, recordando a verdade bíblica segundo a qual a liturgia é, antes de mais, obra de Deus».

Apresentação 

Estamos profundamente gratos a Goffredo Boselli, monge e reconhecido liturgista da Comunidade de Bose, pela sua inteligência litúrgica e arte mistagógica. A mistagogia é um desafiante caminho, como o tem evidenciado Boselli: «A atenção mistagógica poderia revitalizar a Liturgia, para se abrir à graça e à verdadeira experiência de Deus. Para tal, é necessário “transformar em vida os gestos da Liturgia”, para que não exista separação entre Liturgia, Caridade e Profecia. O essencial da Liturgia cristã está fora da Liturgia» (5º Convénio Eclesial Nacional, Florença 2015). Ver uma coisa e acreditar noutra é a dinâmica sacramental da fé da Igreja.

A Liturgia é a grande porta para o Mistério de Deus. A pastoral mistagógica dos sacramentos, na qual gravita a Liturgia, é hoje nitidamente uma pastoral missionária. A Igreja ‘em saída’, como nos interpela o Papa Francisco na Evangelii Gaudium, quer dizer que não podemos estar à espera, mas tomar a iniciativa (primeirar), envolver-se e acompanhar a humanidade e dar frutos abundantes de misericórdia.

Num encontro com os seus Párocos da Diocese de Roma em 2015, o Papa Francisco advertiu: «Celebrar é entrar e fazer entrar no mistério, é simples, mas é assim, se eu for excessivamente rígido, não faço entrar no mistério… e se for um ‘showman’, o protagonista da celebração, não faço entrar no mistério, temos assim os dois extremos».

Com alegre e gratíssima surpresa lemos a terceira carta que a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica preparou no contexto do Ano da Vida Consagrada em 2016, sob o título: Contemplai. «Para ti, que o meu coração ama» (Ct 1,7). Aos consagrados e às consagradas sobre os sinais da Beleza. Este belo documento, sob o fio condutor do livro do Cântico dos Cânticos, convida-nos a uma maior abertura sobre o mistério de Deus, fundamento de toda a nossa vida, fala-se claramente da pedagogia mistagógica e afirma: «a própria liturgia é mistagogia – enquanto comunicação através de palavras, acções, sinais, símbolos de matriz bíblica – que introduz na fruição vital do mysterium» (n. 47). E ainda acerca da comunicação mistagógica como acção eminentemente cristológica, sublinha: «não há liturgia cristã autêntica sem mistagogia» (n. 48).

Um Rabino do séc. IV rezava: «Nós Te damos graças por sermos capazes de Te dar graças». Por isso mesmo a oração, a catequese, a caridade, são os lugares da alegria do encontro com Jesus Cristo. A Liturgia «é a catequese universal do Povo de Deus. (…), toda a liturgia é, em certo sentido, catequese» (Conferência Episcopal Portuguesa, Carta pastoral 1984).

O dinamismo divino-humano caracteriza a Liturgia, festejando a vida quotidiana.

A Liturgia reafirma na celebração do Baptismo e também na celebração da Confirmação, no momento da renovação das promessas baptismais, esta consciência fundamental ao proclamar: «Esta é a nossa fé. Esta é a fé da Igreja que nos gloriamos de professar em Jesus Cristo» e ainda na celebração da Eucaristia ao rezarmos «não olheis aos nossos pecados, mas à fé da vossa Igreja».

Todavia, às vezes, chegamos a pensar que a Liturgia é a dimensão que mais se esbanja na Igreja. Para muitos, a Liturgia deixou de ser uma fonte da qual se bebe a água pura e bela do mistério e um vértice que se deseja alcançar e passou a ser um problema que se deve resolver. Estamos, também, convencidos que «o futuro do cristianismo no Ocidente depende em larga medida da capacidade que a Igreja terá de fazer da sua liturgia a fonte da vida espiritual dos crentes» (p. 15).

A Liturgia é a Bíblia transformada em oração: «cada cristão, mas de modo particular o pastor, o exegeta, o liturgista, é aquele que tem numa mão a Bíblia e na outra o missal. Nunca a Bíblia sem o missal e nunca o missal sem a Bíblia» (p. 181). A fé professada e transmitida pela Igreja é celebrada na Liturgia e irradia para a vida na caridade.

Com este livro reaprendamos que «a mistagogia é, portanto, o conhecimento do mistério narrado pelas Escrituras e celebrado na liturgia» (p. 45). Boa leitura para uma melhor celebração e compreensão espiritual e existencial da Liturgia e, ainda, para que haja mais mistagogos na Igreja mediante o fascinante método da mistagogia.

 

+ José Manuel Garcia Cordeiro
Bispo de Bragança-Miranda
Presidente da Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade

 

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