A arte de presidir à liturgia
Autor: Louis-Maria Chauvet
Tamanho:148X210mm
N.º de páginas: 48
ISBN 978-989-8877-72-7
1ª edição: junho de 2020
Coleção: Exsultet – 14
Título original: La presidence liturgique aujourd’hui: du mystere au ministere
[L'arte del presiedere la liturgia]
© Edizioni Qiqajon (Comunità di Bose®) – Magnano 2009
«Presidir em nome de Cristo significa chamar a assembleia a ser inteiramente ativa com Cristo».
O autor convida-nos a clarificar dois tipos de preocupação dos tempos atuais. O primeiro, de ordem imediatamente teológica, forneceu o tom geral deste contributo: “Do mistério ao ministério”. Trata-se essencialmente, nesta primeira parte, de fazer o ponto teológico sobre o significado da presidência por um ministro ordenado na sua dupla relação a Cristo e à Igreja. O segundo é de ordem mais pastoral. Porque “presidir é servir”, trata-se de perguntar como é chamado a “servir” aquele que preside em nome de Cristo nas condições atuais da cultura. Tais condições afetam, claro está, o “ethos” presidencial, já que, por outro lado, semelhante ethos tem um alcance genuinamente teológico e não apenas cultural.
Apresentação
O pensamento do Padre Louis-Marie Chauvet representa a voz mais significativa do panorama contemporâneo no campo da reflexão sobre a sacramentalidade.
No âmbito da teologia simbólica, postula a sua tese, defendendo que o verdadeiro sacramento original é Jesus Cristo, símbolo real que conduz ao Pai, e que a Igreja é o sujeito que recebe a Palavra de Deus. Segundo o nosso autor, a teologia escolástica pensa os sacramentos à luz do modelo da união hipostática (mistério da incarnação), mas estes hão de compreender-se no quadro do mistério pascal de Cristo. Os sacramentos são, precisamente, as expressões simbólicas do dinamismo da ressurreição de Cristo.
Chauvet oferece uma teologia do “sacramental” mais que uma teologia do sacramento, no sentido de que permite uma releitura sacramental do conjunto da existência cristã sob o ângulo do sacramental, articulada à volta de dois polos principais: a linguagem e o símbolo, de um lado, e o Logos da Cruz, do outro. O “perfume” do mundo e da história é assim reconhecido como o lugar sacramental possível de uma história santa.
Por conseguinte, o elemento constitutivo da vida cristã é, segundo ele, a sacramentalidade. Falar desta significa, portanto, falar da dimensão fundamental da fé. A sacramentalidade não é um sector particular da atividade eclesial, mas uma dimensão constitutiva da Igreja e da fé.
A mediação litúrgica e sacramental tem um lugar decisivo na estruturação dos sujeitos como cristãos. De facto, os sacramentos são o lugar privilegiado onde se realiza a dimensão sacramental de toda a existência crente. Quando falamos de sacramentos, pensamos nos sete sacramentos, mas pode perguntar-se: qual o significado possível da expressão “existência sacramental”?
A sua reflexão parte de algumas questões: que significa para a fé o facto de ela ser tecida pelos sacramentos? Que é, então, acreditar em Jesus Cristo, se este acreditar, estruturalmente sacramental, pretende construir uma teologia fundamental do sacramental ou da sacramentalidade da fé? A própria compreensão da teologia sacramental aproxima-se da mens patrística, ou seja, segundo Chauvet a teologia sacramental não é só um sector da teologia, mas sobretudo uma dimensão que atravessa o conjunto da teologia.
A participação no mistério pascal de Cristo é o objetivo e a primeira finalidade da mediação ritual na liturgia sacramental. Por isso, a Iniciação Cristã é a primeira participação no mistério da morte e ressurreição de Cristo.
Pois bem, o ponto de partida para a reflexão dos sacramentos é a própria celebração litúrgica.
O breve estudo e partilha pastoral de Chauvet que agora o Secretariado Nacional de Liturgia traduz e publica em língua portuguesa insere-se na ars celebrandi da liturgia e, especialmente na arte de bem presidir à liturgia.
Presidir é servir e amar em vista do bem espiritual dos participantes de harmonia com o adágio: «Um só preside, mas todos celebram». Com efeito, «Presidir em nome de Cristo não significa, pois, “fazer em vez da assembleia”, como se vê, infelizmente, com demasiada frequência. Verdadeiro é o inverso: presidir em nome de Cristo significa chamar a assembleia a ser inteiramente ativa com Cristo» (pág. 29).
+ José Manuel Garcia Cordeiro
Bispo de Bragança-Miranda
Presidente da Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade
Louis-Marie Chauvet
Louis-Marie Chauvet (Chavagnes-en-Paillers, 1942) é presbítero da diocese de Pontoise. Foi professor de teologia litúrgica durante aproximadamente trinta anos no Instituto Católico de Paris (ICP).
Em 1973 defendeu a tese de doutoramento na Universidade de Paris (Sorbonne), com dissertação intitulada: João Calvino: Crítica Teológica e Pastoral da Doutrina Escolástica e Tridentina no Sacramento da Penitência.
Em 1974 começou a lecionar na área de Teologia Sacramental no Instituto Católico de Paris, mas sem deixar de lado o seu envolvimento no ministério paroquial. Desde 1982, atuou como coadjutor do pároco da diocese de Pontoise, próximo de Paris, e em seguida foi nomeado para Saint-Leu-la-Forêt.
Escreveu numerosos artigos no campo da Teologia Sacramental, cruzando constantemente a antropologia e o cuidado pastoral com a teologia. Os seus livros mais importantes são: Symbole et sacrement. Une lecture sacramentelle de l’existence chrétienne (Cerf, 1987,2008); Les sacrements. Parole de Dieu au risque du corps (Atelier, 1993). Recentemente publicou em livro: Le Corps, chemin de Dieu, (Bayard, 2010) e Dieu, un détour inutile? (Cerf, 2020).