Testamento do Senhor
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Testamento de Nosso Senhor Jesus Cristo

7,00 €
Com IVA

Tamanho:148X210mm

N.º de páginas: 120

ISBN 978-989-8877-80-2

1ª edição: dezembro de 2020

Colecção: Exsultet – 16

Título original: Testamentum Domini nostri Jesu Christi

Testamentum Domini nostri Jesu Christi. Conjunto de dois livros de instruções eclesiais, alegadamente provindas da boca de Cristo. A obra (CPG 1743) foi originalmente escrita em grego (desta, restam apenas algumas partes); a Capadócia, a Síria e a Palestina (assim M. Kohlbacher) foram hipoteticamente indicadas como seu local de origem; I. E. Rahmani assinalou-lhes como data o século II; mas, em tempos mais recentes, aventou-se o final do século IV (G. White), e ainda o termo do século V (M. Kohlbacher). A tradução para o siríaco foi feita em 686/7 por “Jacob, o pobre”, geralmente identificado como Jacob de Edessa.

A obra contém três secções diferentes: no início, um breve apocalipse; materiais vários que remontam à Tradição Apostólica, atribuída a Hipólito; e descrições do uso litúrgico (incluindo um rito de iniciação, assaz completo [II, 5–10], e ainda uma série de orações para diversas ocasiões).

A terceira secção reproduz, porventura, um ideal, e não uma realidade local. O apocalipse talvez tenha sido acrescentado e composto pelo tradutor (assim, H. J. W.  Drijvers). O Testamento foi retomado numa forma abreviada no Synodicon da Ort. Sir. no ms. Damascus Patr. 08/11. Em árabe e etíope, faz parte do Octateuco de Clemente.

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NOTA INTRODUTÓRIA

A real importância da obra que, pela primeira vez, se oferece traduzida ao português vem artificialmente respaldada pela dupla componente do título: Testamento de Nosso Senhor e Clemente de Roma.

A designação Testamento não levará, certamente, ninguém a engano. Insere-se, com efeito, numa vasta gama de designações similares, desde Antigo Testamento à produção, nos primeiros séculos da literatura cristã, de obras, mais ou menos dependentes entre si, designadas Testamentos

Por outra parte, a atribuição a Clemente de Roma (final do séc. I – inícios do séc. II) busca, como é comum nos primeiros séculos, a ancoragem numa personagem notoriamente relevante que, por si mesma, credibilizaria os respetivos conteúdos.

Neste caso, estamos diante de uma obra composta originariamente em grego, em oito livros, provavelmente na Síria na segunda metade do século V. Teve, posteriormente, versão copta, etiópica e árabe e, também, siríaca. Esta última é a que Petit L. I. E. Rahmani descobriu no final do século XVIII e traduziu para o latim, apenas os dois primeiros livros. Esta versão é a que agora deu lugar à presente tradução para português.

O Testamentum Domini tem como base fundamental a Tradição Apostólica de Hipólito de Roma (†235) com acrescentos, oriundos de outras fontes, e adaptações que testemunham a vida da Igreja nestes cerca de três séculos que separam as duas obras. Esta circunstância releva, ainda mais, o valor deste escrito: permite-nos recuar no tempo, desde o século V até aos primórdios do cristianismo.

Os temas abordados deixam-nos ver a Igreja dos primeiros séculos cristãos nas suas instituições, na disciplina, na liturgia. Entre muitos outros assuntos, fala-nos dos catecúmenos, dos leigos, dos diáconos, dos presbíteros, dos bispos. 

Como exemplo do detalhe a que chegam muitas destas interessantes descrições e normas, bastaria ler o capítulo XIX do Livro Primeiro, que trata das “Características da igreja”, igreja edifício. Para além da curiosidade que suscita, obviamente não é para ser copiado nas nossas novas construções. Poderá, contudo, enriquecer, por exemplo, a inspiração dos nossos arquitetos. O mesmo acontece com muitos outros conteúdos. 

A obra não é, portanto, uma peça de curiosa arqueologia. Nela palpita um passado que pode ajudar a dar mais vida à Igreja que hoje somos.

Esta edição insere-se num programa mais vasto e consolidado do Secretariado Nacional de Liturgia. Com efeito, o Secretariado tem vindo a enriquecer os recursos bibliográficos históricos e litúrgicos, em português, com a reposição de obras às quais, em muitos casos, o grande público não teria acesso. Merece, mais uma vez, o nosso grato reconhecimento.

† D. Pio Alves de Sousa
Bispo Auxiliar do Porto

TS