A vocação do padre perante as crises

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A fidelidade criativa

Autor: François-Xavier Bustillo

Tamanho:148X210mm

N.º de páginas: 220

ISBN 978-989-9081-41-3

1.ª edição: agosto de 2022

Coleção: Hodie – 10

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O período que nós vivemos não é simples. Os padres, também eles, vivem o seu ministério numa época de incertezas. Estas incertezas podem suscitar tanto medos como entusiasmos. A missão do padre não é conseguir salvar o mundo com táticas e estratégias missionárias, mas conseguir viver com paixão a sua vocação. Se o mundo prega a produção e o êxito, o Evangelho prega a fecundidade. 

O autor propõe revisitar a ordenação sacerdotal, como um regresso às fontes, para responder aos desafios laboriosos do nosso tempo. As crises encorajam os padres a velar pela sua humanidade, a cuidar da sua interioridade, a cultivar os desejos e a não sufocar os seus sonhos. Trata-se de um vocação formidável, sinal num mundo em busca de referências.

Quantidade

François-Xavier Bustillo, nasceu a 23 de novembro de 1968, em Pamplona, Espanha. Mais tarde recebeu a nacionalidade francesa.

Aos dezessete anos ingressou na Ordem dos Franciscanos Conventuais em Pádua, Itália, onde recebeu a formação religiosa, que viria a completar no Instituto Católico de Toulouse. Foi ordenado sacerdote a 10 de setembro de 1994 e enviado para França, onde foi Superior Provincial e Superior do Convento de São Maximiliano Kolbe em Lourdes. Foi delegado episcopal para a proteção de menores e adultos vulneráveis da diocese de Tarbes e Lourdes. 

O Papa Francisco, a 11 de maio de 2021, nomeou-o Bispo de Ajaccio, na Córsega.

Em 2022 o Papa Francisco ofereceu uma cópia deste livro aos sacerdotes presentes na Missa Crismal na Basílica de são Pedro.

Apresentação

D. François-Xavier Bustilho, O.F.M. Conv., Bispo de Ajaccio (França) oferece-nos uma reflexão muito oportuna sobre A vocação do Padre perante as crises. As meditações propostas aos padres num retiro espiritual revisitam o rito de ordenação dos Presbíteros e os elementos fundamentais da espiritualidade de São Francisco de Assis.

Agradecemos ao Secretariado Nacional de Liturgia que, em boa hora, traduziu esta obra acerca do Padre nesta mudança de época. O atual texto tornou-se mais conhecido, a partir da tradução italiana sob o título: Testimoni, non funzionari. Il sacerdote dentro il cambiamento d’epoca. O Papa Francisco presenteou este livro a cada Padre que participou na celebração da Missa Crismal em 2022 na Basílica de São Pedro.

São muitas as perguntas que D. Bustillo coloca: Para que é que vivemos? Para quem vivemos? Onde estamos andando? Onde queremos ir? Vivemos numa Igreja que não sonha? Temos um coração e um espírito velhos?

Na história da Igreja regista-se uma sublime fecundidade criativa. As palavras: novidade, imaginação, criatividade e audácia não são perigosas. A imaginação na missão é um grande desafio. Todavia, muitas vezes o urgente prevalece sobre o importante.

O tempo que nos toca viver: «Esquece a elevação e a transcendência. Assim nascem o “burn out” (excesso de trabalho), o “bore out” (o tédio no trabalho) e hoje fala-se de “brown out ”(quando o trabalho não tem sentido)» (pág. 37).

Não podemos esquecer que: «sem a dimensão espiritual, a nossa vida pode ser filantrópica, altruísta, humanista, mas não cristã» (pág. 60). Por outras palavras: «A natureza gratuita da adoração orienta-nos para o essencial. A comunhão com o Senhor purifica as nossas tendências para o sucesso, à ação, talvez à agitação, para permanecermos na presença pacífica de Jesus» (pág. 200).

Somos chamados a ser testemunhas, não funcionários. O Padre não é um homem que escolheu a tristeza como estilo de vida. «Jesus deixou-nos a sua alegria para que nós a possamos espalhar no mundo. A nossa missão não se limita a uma ação. Já o dissemos, nós não somos os negociantes do sagrado. Se a nossa missão não é animada por uma alma evangélica, ela será um sucesso profissional como tantos outros. O mundo espera por testemunhas do Evangelho capazes de dizer aos outros: “a tua vida é uma alegria, obrigado por existires!” ou ainda: de incarnar o amor do Senhor, dizendo aos outros: “a tua existência é uma bênção!”» (págs. 212-213).

Damos graças a Deus-Amor pelo ministério para o qual chamou os padres e queremos agradecer a cada um que se empenha, quotidianamente, na missão que lhe foi confiada, suportando o peso do dia (cf. Mt 20,12), sujeitos a uma imensidade de situações, as enfrentam com determinação para que o povo de Deus seja cuidado e acompanhado. Não raras vezes, de forma discreta e abnegada, por entre o cansaço ou a fadiga, a doença ou a desolação, assumem a missão como um serviço a Deus e ao seu povo e, mesmo com todas as contrariedades do caminho, escrevem as páginas mais belas da vida presbiteral (cf. Carta do Papa Francisco aos Presbíteros, 2019).

É verdade que o tempo hodierno é diferente, mas não mais difícil, porque o aqui e agora que vivemos continua a ser um tempo favorável a processos eclesiais inéditos, inauditas expressões de autenticidade e de fecundidade evangélica.

Nós os sacerdotes não somos funcionários. A gratuidade é um gesto desinteressado em favor dos outros. Presidir em nome de Cristo e em nome da Igreja significa servir.

Antes de tudo, o ministério presbiteral apresenta-se, não como uma função, uma tarefa, uma promoção social ou religiosa, mas como um serviço a tempo inteiro que se constitui mediante a ordenação sacramental. Efetivamente, a sacramentalidade é, o rasgo mais específico do presbítero, hoje. Eis o grande mistério do qual, os presbíteros foram feitos ministros, porque se trata da participação no único sacerdócio de Jesus Cristo, no mistério de um amor sem limites, aquele da máxima sacerdotalidade na cruz, o mistério pascal.

Recentemente, o Papa Francisco recordou uma preciosa carta que São Francisco de Assis escreveu a toda a Ordem franciscana:

«Que o homem todo se espante,
que o mundo todo trema, que o céu exulte,
quando sobre o altar, nas mãos do sacerdote,
está presente Cristo, o Filho de Deus vivo!

Oh! grandeza admirável, oh! condescendência assombrosa!
Oh! humildade sublime, oh! sublimidade humilde,
que o Senhor de todo o universo, Deus e Filho de Deus,
se humilde a ponto de se esconder, para nossa salvação,
nas aparências de um bocado de pão.

Vede, irmãos, a humildade de Deus
e derramai diante dele os vossos corações;
humilhai-vos também vós, para que ele vos exalte.

Em conclusão: nada de vós mesmos retenhais para vós,
a fim de que totalmente vos possua
Aquele que totalmente a vós se dá
».

Acolher o Mistério, abre a um Ministério. o Mistério revela o Mistério. O desafio é, pois, do Mistério ao ministério vivido, fonte que jorra para a vida, sempre renovada no dom recebido pela ordenação sacramental.

X José Manuel Garcia Cordeiro
Arcebispo Metropolita de Braga
Presidente da Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade

VPPC

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