Bendizei o Senhor – 2.ª edição
Cânticos do Padre A. Cartageno
Autor: António Cartageno
Tamanho: 210X297mm
N.º de páginas: 464
ISBN 978-989-9081-00-0
ISMN 979-0-707721-11-7
2.ª edição: julho de 2022
Edição revista e aumentada com os seguintes cânticos:
– Caritas Urget
– Meu Deus eu creio (Oração do Anjo)
– Oração de São João Maria Vianney (O Cura d’Ars)
– Com Maria!
– Maria da Visitação (Maria levantou-se a toda a pressa)
– Quer nas horas (Louvada seja na terra)
Há a possibilidade de adquirir apenas o Apêndice com estes novos cânticos. Consulte este link.
Índice do livro »
O livro contém uma coletânea dos cânticos litúrgicos que o autor foi escrevendo ao longo da vida. Vários cânticos foram ligeiramente alterados, especialmente na harmonia, em relação a versões anteriores. Sendo assim, a presente versão é considerada a mais atual em relação a outras que porventura estejam em circulação.
Todos os cânticos do livro são a vozes (geralmente a 4 v. mistas, e às vezes a 3). O livro foi também pensado para os organistas e por isso os cânticos podem sempre ser acompanhados a órgão.
«Da minha produção musical para a liturgia há muita coisa que nunca foi publicada e vê agora a luz do dia. Um grande número de cânticos do livro – alguns escritos num passado recente – são agora publicados, no todo ou em parte, pela primeira vez. Refiro-me aos cânticos que, na margem superior esquerda da página, têm a indicação ProManusc. Partilho assim com o público um conjunto razoável de peças inéditas que, espero, possam ser úteis às comunidades e aos coros, como por exemplo: “Oração do Santo Cura d’Ars”, “O tesouro do homem cristão”, vários cânticos marianos e muitos outros. Entre os inéditos há bastantes melodias de outros autores para as quais, quase sempre a pedido, escrevi a harmonização, dando-lhes uma nova roupagem. Nestes casos, aparece na partitura a indicação da respetiva fonte, seguida da palavra revisto. Há cânticos onde não é mencionada a fonte porque já se encontram editados noutras publicações. Essa fonte deve ser consultada no Índice. Aparecem nesta coleção alguns cânticos que se adaptam bem ao gosto juvenil, por exemplo, Santo V, Quero cantar o vosso nome, Bem Aventurados, Glória ao Filho de David, Como o Pai Me enviou, etc. Agora, no âmbito da preparação das Jornadas Mundiais da Juventude 2023 a realizar em Lisboa, acrescenta-se “Maria levantou-se”, sobre o tema proposto pelo Papa Francisco para este evento. Na mesma linha, também o presente Ano de S. José é sublinhado com alguns cânticos novos e outros revistos» (A. Cartageno).
Apresentação
Não tem sido pacífica, ao longo dos séculos, a relação entre a Música e a Liturgia na Igreja Católica. Essa dificuldade acentuou-se de tal modo nos séculos XV e XVI que, segundo uma lenda, no Concílio de Trento esteve iminente a proibição do uso de música polifónica na Liturgia. A execução de uma missa de Palestrina, a Missa do Papa Marcelo, terá convencido os padres conciliares a admiti-la como útil para ajudar os fiéis a viverem a celebração da eucaristia. Isto não é histórico, é uma lenda. Mas não são lenda as dificuldades de Mozart com o Arcebispo de Salzburgo que via a orquestra e o coro com a mesmíssima função na capela ou no teatro. E ele, o jovem leigo, tentou ensinar ao seu arcebispo que há música sacra e música profana, e que devem ser executadas cada qual no seu próprio lugar: a ópera, no teatro, a de câmara, no salão; e a sacra, nas igrejas.
A música sacra não é um ornamento. Na Liturgia, as artes não são ornamento, são parte integrante da ação. Mas é necessário entender e viver a Liturgia para se poder fazer boa música litúrgica. Dois grandes compositores russos, Tchaikovsky e Rachmaninov, ambos compuseram música destinada à Liturgia. A de Rachmaninov foi aprovada pelos pastores e continua a ser usada nas celebrações litúrgicas. A de Tchaikovsky, não. Porquê? Porque não é boa música? É. É música bem estruturada, mas não comunica aos fiéis o Espírito Santo. Para que a arte, e a música de modo particular, possam deixar de ser apenas ornamento e se integrem harmoniosamente na Liturgia, precisam de ser obra do Espírito Santo. A Liturgia cristã, mais que uma ação humana, é ação divina, é obra de Cristo que por nós se oferece ao Pai e, na sua misericórdia, convida-nos a oferecermo-nos com Ele a Deus.
É preciso darmos atenção a estas palavras do Credo com as quais professamos a nossa fé no Mistério da Encarnação do Verbo de Deus, que foi concebido pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria. Para que Cristo Se manifeste neste mundo, em nossas vidas e obras, e também nas artes, na música, na arquitetura e na pintura, na escultura e nos mosaicos, é necessária a ação do Espírito Santo, é preciso também o seio da Virgem Maria. Sem estas duas condições é impossível a Encarnação do Verbo de Deus, é impossível que Cristo nasça, Se desenvolva e Se manifeste neste mundo. Isto implica que o artista seja homem de oração, dócil ao Espírito Santo que é o Verdadeiro Autor da obra. Implica também que seja uma obra gerada no seio da mãe Igreja, na qual se exalta a vida cristã. Isto tem a ver com a fidelidade à Tradição da Igreja. Assim, o artista que faz Arte Sacra, deve encontrar-se esvaziado de si mesmo e cheio do Espírito Santo, para que as suas obras expressem a fé da Igreja e sirvam a sua missão.
A beleza das obras de Arte Sacra não é humana, mas divina. É aquela beleza espiritual que manifesta o esplendor do encontro da Verdade e da Bondade. Não apenas da Bondade, nem apenas da Verdade mas, repito, onde resplandece o esplendor do encontro da Verdade e da Bondade. Este nível, que tem de ser necessariamente o das obras de Arte Sacra, não deixa espaço para o gosto, para a moda e para as paixões humanas. Não quero julgar ninguém, mas a luta que se trava atualmente nas igrejas no campo da música, tem a ver, em grande parte, com isto mesmo.
O Padre António Cartageno, discípulo do Padre Manuel Luís, é um compositor definido e bem situado. As suas composições ajudam a assembleia a cantar e a celebrar a Liturgia. Têm sido divulgadas, junto com as de outros autores, nas publicações do Serviço Nacional de Música Sacra, um Departamento do Secretariado Nacional de Liturgia, nomeadamente nos:
– Guiões dos Encontros Nacionais de Pastoral Litúrgica (desde 1982 até ao presente);
– Cânticos de Entrada e de Comunhão I e II (1999);
– As crianças louvam o Senhor (2003 e 2020);
– Cânticos para as Exéquias (2008);
– Liturgia das Horas com Canto I (1997), II (2003) e III (2012);
– Cânticos do Ordinário da Missa (2016);
– Cânticos para a Celebração do Matrimónio (2018);
– Cantoral Nacional para a Liturgia (2019);
– Nova Revista de Música Sacra de Braga (desde 1990 até 2015)
– Akathistos (1998);
– Livro do Organista – Acompanhamento dos Salmos do P. M. Luís (2000).
Saem agora, finalmente reunidas neste volume, as suas obras corais, escritas para a Liturgia. São mais de 300 cânticos a vozes e/ou com acompanhamento de órgão, distribuídos por 3 secções:
– Ordinário da Missa;
– Próprio da Missa nos vários tempos Litúrgicos, Santoral e outros, por ordem alfabética;
– Em louvor da Virgem Santa Maria, por ordem alfabética;
Exclui-se a Liturgia das Horas, à exceção de alguns hinos harmonizados e usados noutros contextos. Este livro, editado pelo Secretariado Nacional de Liturgia, tem sido pedido desde há vários anos por muita gente ligada à música litúrgica e aos coros paroquiais.
Não posso terminar esta apresentação sem uma simples, mas grande palavra de gratidão ao Padre Cartageno pelo seu imenso trabalho no campo da música sacra. Conhecemo-nos há muitos anos, como condiscípulos no Seminário dos Olivais. Ainda me lembro de uma canção com letra minha, que ele então musicou… Estivemos juntos, com o Cónego José Ferreira, na estreia mundial absoluta da Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo, de Messiaen, no Coliseu dos Recreios, num Festival Gulbenkian de Música…
Além das suas produções de várias cantatas e cânticos religiosos, é necessário não esquecermos o seu valioso trabalho de recuperação do cante religioso alentejano, pelo qual a diocese de Beja, e não só, pode hoje dispor de um riquíssimo património musical popular.
Finalmente, uma gozosa saudação ao Secretariado Nacional de Liturgia que, com mais esta publicação torna acessíveis às nossas paróquias a obra musical produzida até agora para a Liturgia, pelo Padre Cartageno.
Sejam estas suas obras executadas para a glória de Deus, com aquele Espírito de louvor e de ação de graças que é a alma e a vida das nossas vidas.
Beja, 1 de Maio de 2021, dia de São José Operário, Padroeiro da Diocese de Beja
X José João dos Santos Marcos
Bispo de Beja
Nota introdutória
À memória de minha mãe, Lucília e de meu pai, Abílio Cartageno,
que me ensinou as primeiras noções de música e ajudou a moldar a minha sensibilidade musical.
1. O presente livro contém uma coletânea dos cânticos litúrgicos principais que eu fui escrevendo ao longo da vida, especialmente a partir de 1982, ano em que comecei a colaborar nos Guiões dos ENPL. Desde então, a pouco e pouco os cânticos foram-se divulgando nessa e noutras publicações do SNL, e também na Nova Revista de Música Sacra a partir de 1990. (Alguns cânticos ainda não divulgados, foram mesmo publicados na Internet, quase sempre sem meu consentimento). De facto, estando estes cânticos dispersos por várias publicações, vinha-me sendo pedido, desde há vários anos, por muitos amigos ligada à música e aos coros litúrgicos, nomeadamente o saudoso P. Augusto Frade (que comigo trabalhava no SNMS), que reunisse tudo num só livro, facilitando assim a consulta aos que desejassem usá-los. Eis agora satisfeito esse desejo, que desde há algum tempo também passou a ser meu.
2. Acontece que, ao longo do tempo, como é natural, eu fui maturando as ideias e fui apurando a sensibilidade, o que me levou, em não poucos casos, a retocar e a aperfeiçoar o que tinha escrito. Daí decorre que, neste livro, aparecem vários cânticos ligeiramente alterados, especialmente na harmonia, em relação a versões anteriores. Sendo assim, a presente versão é considerada a mais atual em relação a outras que porventura estejam em circulação.
3. Sendo certo que estes cânticos foram pensados, na sua maioria, para serem cantados pela assembleia celebrante, o coro polifónico, que ”fazendo parte da assembleia dos fiéis realiza uma função peculiar” (Inst. M. Sacram, 22.a), tem sempre o seu lugar. “A ele compete assegurar a justa interpretação das partes que lhe pertencem, conforme os distintos géneros de canto, e promover a participação ativa dos fiéis no canto.” ( Ibidem, 19). É por isso que todos os cânticos do livro são a vozes (geralmente a 4 v. mistas, e às vezes a 3), ou pelo menos com acompanhamento de órgão. Procurei apresentar uma escrita acessível aos coros, poupando-lhes dificuldades evitáveis. Nesse sentido, sempre que possível, escreveram-se ao menos duas estrofes do texto dentro da pauta. Espero, assim, prestar um serviço aos coros litúrgicos portugueses e não só (sei que, por ex., no Brasil, na Diocese de Campinas, se cantam alguns destes cânticos).
4. O livro foi também pensado para os organistas e por isso os cânticos podem sempre ser acompanhados a órgão. Há bastantes casos em que o acompanhamento, geralmente simples, vem escrito expressamente; nos outros casos, o órgão tocará o mesmo que o Coro, adaptando-se a escrita coral à escrita organística, por ex., transformando em valores mais longos as notas que na partitura são rebatidas.
5. Da minha produção musical para a liturgia há muita coisa que nunca foi publicada e vê agora a luz do dia. Um grande número de cânticos do livro – alguns escritos num passado recente – são agora publicados, no todo ou em parte, pela primeira vez. Refiro-me aos cânticos que, na margem superior esquerda da página, têm a indicação ProManusc. Partilho assim com o público um conjunto razoável de peças inéditas que, espero, possam ser úteis às comunidades e aos coros, como por exemplo: “Oração do Santo Cura d’Ars”, “O tesouro do homem cristão”, vários cânticos marianos e muitos outros. Entre os inéditos há bastantes melodias de outros autores para as quais, quase sempre a pedido, escrevi a harmonização, dando-lhes uma nova roupagem. Nestes casos, aparece na partitura a indicação da respetiva fonte, seguida da palavra revisto. Há cânticos onde não é mencionada a fonte porque já se encontram editados noutras publicações. Essa fonte deve ser consultada no Índice. Aparecem nesta coleção alguns cânticos que se adaptam bem ao gosto juvenil, por exemplo, Santo V, Quero cantar o vosso nome, Bem Aventurados, Glória ao Filho de David, Como o Pai Me enviou, etc. Agora, no âmbito da preparação das Jornadas Mundiais da Juventude 2023 a realizar em Lisboa, acrescenta-se “Maria levantou-se”, sobre o tema proposto pelo Papa Francisco para este evento. Na mesma linha, também o presente Ano de S. José é sublinhado com alguns cânticos novos e outros revistos.
A indicação, aqui e ali, do uso litúrgico dos cânticos deve considerar-se meramente indicativa e não exclusiva. Nesta matéria não deve haver um critério rigorista e cego, mas aberto e equilibrado.
Dei ao livro o título “Bendizei o Senhor” para significar que quero, com todos os cânticos nele contidos, associar-me ao louvor das criaturas de Dn 3,57-88.56, que tantas vezes repete este refrão, e com o intuito de que estas músicas ajudem os fiéis a louvar a Deus, proclamando a sua bondade e misericórdia, dando-Lhe graças e prestando-Lhe culto de adoração e piedade. Afinal, é este o fim da música sacra: “a glória de Deus e a santificação dos fiéis” (Sacrossantum Concilium, n. 112).
8. É com muita alegria e com o vivo desejo de servir as comunidades cristãs e os seus coros e organistas que publico este livro. Muitos me ajudaram a concretizá-lo: o bispo de Beja, D. João Marcos, que escreveu a Apresentação, o P. Pedro Ferreira, Diretor do SNL, que incentivou e assumiu a publicação do livro, o Delfim Machado, que se ocupou da paginação e do grafismo, o Prof. Luís Filipe, que pacientemente escreveu todos os cânticos a computador, e os outros colegas do Serviço Nacional de Música Sacra, nomeadamente o P. José Joaquim e o Prof. Emanuel Pacheco, que deram preciosos conselhos sobre a edição de partituras e muito ajudaram na revisão final da obra. Este agradecimento estende-se também ao Coro do Carmo de Beja que, ao longo dos anos, com toda a boa vontade e entusiasmo, tem sido a “oficina de experimentação” de muitos dos cânticos que eu fui escrevendo e às vezes re-escrevendo. O meu muito obrigado a todos, do coração.
Beja, 1 de junho de 2021, memória de São Justino,
que nos deixou a mais antiga descrição do Batismo e da Eucaristia.
P. António Cartageno