Celebração Dominical na Ausência do Presbítero

12,00 €
Com IVA

Formato: 155X220 mm

160 páginas

ISBN 978-989-9081-32-1

Conforme a 3.ª edição do Missal Romano.

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Apresentação

«Existem comunidades cristãs que, infelizmente, não podem beneficiar da Missa todos os domingos; no entanto, também elas, neste dia santo, são chamadas a recolher-se em oração em nome do Senhor, ouvindo a Palavra de Deus e mantendo vivo o desejo da Eucaristia» (Papa Francisco).

Um dos desafios pastorais que se colocam hoje à Igreja é o modo da celebração do Domingo, o dia do encontro da assembleia do Senhor na Páscoa semanal. A partir do Concílio Vaticano II, previram-se as celebrações dominicais na ausência do Presbítero para os países de recente evangelização. Com efeito, este foi o caminho da pastoral litúrgica para que as comunidades cristãs, espalhadas por amplas áreas sem Presbítero residente, pudessem manter a vida cristã na centralidade eucarística, ainda que a Eucaristia não fosse celebrada em cada Domingo. Todavia, rapidamente esta realidade se espalhou para as comunidades de antiga evangelização, como nesta velha Europa, onde há muitas comunidades que experimentam a falta de Presbíteros para celebrar a Eucaristia ao Domingo.

Por isso, em 1993, a Conferência Episcopal Portuguesa, numa nota pastoral sobre o Domingo numa sociedade em mudança, exortou: «promovam-se celebrações dominicais da palavra às comunidades que não possam ter missa por falta de padres».

O Papa Bento XVI clarificou na exortação pós-sinodal Sacramentum caritatis: «Uma vez descoberto o significado da celebração dominical para a vida do cristão, coloca-se espontaneamente o problema das comunidades cristãs onde falta o sacerdote e, consequentemente, não é possível celebrar a Santa Missa no dia do Senhor. A tal respeito, convém reconhecer que nos encontramos perante situações muito diversificadas entre si. Antes de mais, o Sínodo recomendou aos fiéis que fossem a uma das igrejas da diocese onde está garantida a presença do sacerdote, mesmo que isso lhes exija um pouco de sacrifício. Entretanto, nos casos em que se torne praticamente impossível, devido à grande distância, a participação na Eucaristia dominical, é importante que as comunidades cristãs se reúnam igualmente para louvar o Senhor e fazer memória do dia a Ele dedicado. Mas, isso deverá verificar-se a partir duma conveniente instrução sobre a diferença entre a Santa Missa e as assembleias dominicais à espera de sacerdote. A solicitude pastoral da Igreja há de exprimir-se, neste caso, vigiando que a liturgia da palavra – organizada sob a guia dum diácono ou dum responsável da comunidade a quem foi regularmente confiado este ministério pela autoridade competente – se realize segundo um ritual específico elaborado pelas Conferências Episcopais e para tal fim aprovado por elas. Lembro que compete aos Ordinários conceder a faculdade de distribuir a comunhão nessas liturgias, ponderando atentamente a conveniência da escolha a fazer. Além disso, tudo deve ser feito de forma que tais assembleias não criem confusão quanto ao papel central do sacerdote e à dimensão sacramental na vida da Igreja. A importância da função dos leigos, a quem justamente há que agradecer a generosidade ao serviço das comunidades cristãs, jamais deve ofuscar o ministério insubstituível dos sacerdotes na vida da Igreja. Por isso, vigie-se atentamente sobre as assembleias à espera de sacerdote para que não deem lugar a visões eclesiológicas incompatíveis com a verdade do Evangelho e a tradição da Igreja; devem antes tornar-se ocasiões privilegiadas de oração a Deus para que mande sacerdotes santos segundo o seu Coração» (n. 75).

E, ainda mais se aprofunda na exortação pós-sinodal Verbum Domini: «Os Padres sinodais exortaram todos os Pastores a difundir, nas comunidades a eles confiadas, os momentos de celebração da Palavra: são ocasiões privilegiadas de encontro com o Senhor. Por isso, tal prática não pode deixar de trazer grande proveito aos fiéis, e deve considerar-se um elemento importante da pastoral litúrgica. Estas celebrações assumem particular relevância como preparação para a Eucaristia dominical, de modo que os fiéis tenham possibilidade de penetrar melhor na riqueza do Lecionário para meditar e rezar a Sagrada Escritura, sobretudo nos tempos litúrgicos fortes do Advento e Natal, da Quaresma e Páscoa. Entretanto a celebração da Palavra de Deus é vivamente recomendada nas comunidades onde não é possível, por causa da escassez de sacerdotes, celebrar o Sacrifício Eucarístico nos dias festivos de preceito. Tendo em conta as indicações já expressas na Exortação apostólica pós-sinodal Sacramentum caritatis sobre as assembleias dominicais à espera de sacerdote, recomendo que sejam redigidos pelas competentes autoridades diretórios rituais, valorizando a experiência das Igrejas Particulares. Assim, em tais situações, hão de favorecer-se celebrações da Palavra que alimentem a fé dos fiéis, mas evitando que as mesmas sejam confundidas com celebrações eucarísticas; “devem antes tornar-se ocasiões privilegiadas de oração a Deus para que mande sacerdotes santos segundo o seu Coração”. Além disso, os Padres sinodais convidaram a celebrar a Palavra de Deus também por ocasião de peregrinações, festas particulares, missões populares, retiros espirituais e dias especiais de penitência, reparação e perdão. No que se refere às diversas formas de piedade popular, embora não sejam atos litúrgicos nem se devam confundir com as celebrações litúrgicas, todavia é bom que se inspirem nelas e sobretudo que deem espaço adequado à proclamação e escuta da Palavra de Deus; de facto, “a piedade popular encontrará nas palavras da Bíblia uma fonte inesgotável de inspiração, modelos insuperáveis de oração e fecundas propostas de diversos temas”» (n. 65).

A nova edição da celebração dominical na ausência do Presbítero, reaviva ainda uma efetiva e concreta disponibilidade dos Presbíteros para visitarem, com a maior assiduidade possível, as comunidades que lhe estão confiadas, a fim de não ficarem demasiado tempo sem o inestimável sacramento da Páscoa.

Braga, 18 de julho de 2022.

✠ José Manuel Cordeiro Garcia, 
Arcebispo Metropolita de Braga
Presidente da Comissão Episcopal de Liturgia de Portugal

CDAP